QÉDEM
Crônicas de A´krav
ID: 144.372.048 – T3B
A beleza de T3B[1] comparava-se a poucos mundos no universo. O gigante planeta aquático, circundado por cinqüenta e quatro anéis de água e orbitante de d Scorpius[2]. Possui três belíssimas luas: Dana[3], a primeira e a menor das três, brilhava ao norte, acima da cordilheira da serpente que fica na quarta ilha suspensa. Ao todo, sete gigantescas ilhas formadas em sete diferentes locais de T3B. Dana na sua cheia, exibe em sua face à sombra de Akrav[4], lembrando os seus habitantes à forma mística da magnífica constelação. O que se apresenta para os habitantes de T3B a distancia como uma sombra, é na verdade uma gigantesca cratera formada, na antiguidade, pelo impacto do “QRV 372” , um asteróide de 5,4 km que chocou-se com a face norte da lua. A nova de Dana é a época em que os Qorbanot[5] são oferecidos sobre as Piras Suspensas, também chamadas de Piras Azuis.
Ao sul levanta-se Degânya, a segunda lua, e que em sua cheia, a cada setenta e dois dias, assinalava a época da colheita dos grãos, o arroz akraviano, também chamado de Degân, plantado em piscinas suspensas dentro dos grandes domos-estufas, fabricados a partir do vidro obtido com o derretimento das areias do gigante desértico, orbitante de Ommicron A´krav, e usado exclusivamente para o plantio dos grãos. A cada quatrocentos e sessenta e sete dias realiza-se o “Festival dos Grãos” chamado de “Ha-Deganit”. Alegres danças circulares e recitações poéticas ao som da musica de Akrav, oferecidos como agradecimento pelas fartas colheitas.
Elevadores circulares subaquáticos deslizam suavemente por dentro de tubos feitos de chashmal – partículas de taqion aceleradas que criam de baixo d água, tubos de energia luminosa por onde os elevadores deslizam, transportando os akravianos para qualquer uma das sete ilhas suspensas. Os “maelit tzafim” viajam a 32 km/segundo.
À leste brilha Dor A´krav, a terceira lua, e sob sua luz as mulheres de T3B tornam-se férteis, aptas para conceber os filhos de A´krav. Dan fora concebido e também nascera sob a sua luz em 240.769 da criação. Sua mãe sempre o ninava sobre a Canção da Profecia, durante a sua gestação, e também, no único ano em que permaneceu com ele, antes de deixá-lo nas mãos dos cientistas médicos de Elióra – 4º planeta de a Antares, no ano 241.769, quando sofreria a cirurgias de implante simbiótico que o transformaria no Guerreiro do Juízo. Ligas de kessaf e zahav importadas de Aur substituiriam os seus ossos, e no lugar do coração a Even Lév – a pedra da contração – captaria a energia das quinze estrelas de A´krav, zilhões em energia estelar. A simbiose com o ser de mesmo nome da mística constelação, fora um sucesso. A criatura, encontrada apenas em Vênus-Sabra, primeiro planeta de Ommicron A´krav, na verdade um artrópode aracnídeo de 1,78 cm de comprimento, conhecido também por al´aqrab, lhe fora implantada na cervical. Fora encontrado a primeira vez por uma expedição cientifica enviada a Vênus-Sabra. Certa noite, um dos expedicionários que dormira em sua tenda armada nas areias do gigante desértico, à frente do gigante templo de pedra, fora atacado pela criatura que tentou unir-se a ele em simbiose, mas ele não sobrevivera. Assim, criatura e sua vitima foram estudados pelos cientistas médicos de Elióra que descobriram sua função e o seu poder, e que também a criatura não era natural de Vênus-Sabra, mas de uma nebulosa encontrada no espaço profundo da Constelação.
“Sua mãe será Lesath e seu pai Ḥešwān. Seu coração se contrairá com o poder de Antares. Sua morada será sobre as águas e ele será à força do juízo no universo, e, portanto, ele o chamarão Dan. Seu código será “Mayim” e sua coroa será a bondade”.
Entoava Hânya, a mãe de Dan, toda as noites do ano de Lesath, dias em que a magnifica estrela da cauda de A´krav brilhou intensa e misteriosamente, o ano da profecia, como chamaram nas Crônicas de Akrav. Ao contrário dos habitante dos mundos da Constelação do Escultor, os chamados Akum[6], os moradores de T3B não eram idólatras, mas conhecedores da Sabedoria de Qédem compartilhada com eles por Dayan, professor da Escola de Mistérios residente em seu mundo.
O pai de Dan, Adád, fora um humilde lavrador, mas também um Chachâm[7] que usara os segredos que aprendera na Escola de Misterios na concepção de Dan, para cumprir a profecia com a qual sabia estar atado, pois seu apelido desde a mais tenra idade sempre fora Ḥešwān, e não por acaso o nascimento de Dan se derá no 8º mês, chamado de Chodesh Chesvan na língua dos filhos de Éber.
A maginifica aparencia de Dan, caracterisca incomum para um akraviano, deixava admirados todos aqueles naturais não naturais de seu mundo. Seus 0,3588 centimetros de altura, deixavam os alienigenas com sentimento de pequenez. Nas costas da mão esquerda, uma tatuagem bio-luminescente, assina a origem de Dan: Um belo lacrau circundado pelas letras[8] sagradas do Senhor do Universo. A partir da cauda do pequeno e luminoso a´krav, pequeninas letras do idioma de D´us, bio-luminescentes também, sobem pelo ante braço até o ombro, percorrendo a cravicula e circundado o contorno interior do torax esquerdo. Um segredo particular fora escrito, desta forma, neste magnifico ser de A´krav, palavras pronunciadas na criação do universo.
Agora, prestes a completar os seus cinquenta e três anos, Dan dera inicio aos 372 dias de kavan´ot. Estava dentro do Miqdash – O Templo, eregido no centro da terceira ilha suspensa. Houvera assumido uma posição yogue e assim permanecera até que sua mente, no quinquagesimo quarto dia, alcançou elevada estatura, consciencia ampliada o suficiente para fazer levitar o seu corpo e criar ao redor de si mesmo a Ór Maqif[9]. À sua frente levitava, sob antigravitação quântica, produzida pela energia entesourada dentro de si, a Esfera de Antares, dentro da qual as centelhas da Gigante Vermelha permaneciam aprisionadas, tendo a aparencia de uma pequena galáxia vermelho/laranja.
O enorme Templo cúbico, fora eregido no Oásis de Atiká, dentro do Platô de Antares, na terceira ilha suspensa. Sua área é de 54.000 amot3 . Em seu interior, cinquenta e quatro grandes colunas, as “me´aglei amudot[10]”, dispostas em circulos contendo cada uma delas, trinta e um simbolos místicos, os chamados Gliphos de A´krav, num total de 372, que representa o idoma e a escrita dos mundos de A´krav. A aparencia das me´aglei amudot era semelhante aos antigos Toten de pedra, eregido pelas antigas civilizações de Arv´Ot. Dan possuia todos os 372 Gliphos em sua memória, e precisava meditar com eles, permutando-os entre si, criando novas alquimias de simbolos, pelo mesmo periodo de tempo, num total de 744[11] dias até que o enigma lhe fosse aberto, o “Mapetach Chaii[12]”, ou “Chave do Poder”. Este mistério ativaria a Even Lév implantada no lugar do seu coração, permitindo-lhe captar o poder de Antares.
O ano de T3B é de sete meses num total de 372+6 dias, sendo os seis dias restantantes para anos bisextos, tendo a cada dois anos um 8º mês – o cheshvan. O mês akraviano é de 53.142857 dias de acordo com o ciclo lunar de Dana, ou popularmente arredondado para 54 dias.
Ao lado esquerdo da coluna circular, quase rente à parede leste do Miqdash, uma Kartis Nessiá[13], atravessaria milagrosamente o “peregrino” para qualquer uma das 54 câmaras secretas, escondidas em lugares místicos dentro do templo, ou para qualquer das seis ilhas suspentas restantes onde, uma outra Kartis Nessiá também fora colocada.
Ao lado direito, uma Livinat Saphir, também quase rente à parede da câmara interna do Templo, tinha nela todos os 372 Gliphos esculpidos com o Ashurit – O Fogo Negro. Sua cor azul semi-transparente, permitia ao iniciado uma visão mística do universo, que surgia milagrosamente no centro da “tábua de safira”, como a chamavam, após o praticante alcançar uma mente alterada em razão das kavan´Ot. Os gliphos gravados nela eram a chave para decifrar o enigma para a ativação da Éven Lév. Cada Glipho contém doze significados especificos e diferentes, num total de 4.464 palavras secretas. Este processo é também conhecido como “Ha-Hirhurim Al Ha-Milim Ha-Sodot[14]”.
Dan alcançou a 372º kavanná no 744º dia e então, a Even Lév em seu corpo começou com os movimentos de contração e expansão, emitindo uma luz vemelho alaranjada. À sua frente, a Esfera de Antares começou a emitir um som magnifico e logo toda a Constelação de Akrav era visivel dentro dela. O Corpo de Dan tornou-se como uma imagem de raio-x e os seus ossos de liga de zahav mostravam-se através dele. A “Pedra da Contração” pulsava cada vez mais forte em seus movimentos de contração e expansão. De repente tudo parou, até mesmo a “even lév”. Nenhum som mais se ouvia dentro do templo. Os cabelos de Dan estavam para cima, atraidos por “chashmalim[15]” que ziguezaqueavam através das esferas da “Árvore de Hadar” que aparecera milagrosamente acima de Dan flutuando no espaço. Ao seu lado direito, na parede, a Livinat Saphir exibia dentro de si a Galáxia de Qédem, uma visão magnifica que somente os olhos dos iniciados poderiam contemplar.
Assim, ativada a Esfera de Antares, a pedra da contração no corpo de Dan d´Akrav brilharia com zilhões em energia estelar, capitando a luz de a Scorpion, tranformando-o no “Guerreiro do Juízo”.
“Escorpião, Escorpião, assentado sobre as águas, orientado pelas reflexões de Elazar o sábio, as meditações das palavras de segredos, a história no livro dos Jubileus, pérolas de Ya´qóv, o único homem escrevendo no meu quarto, na Casa de El, o pastor de Cheshvan, o homem do mistério, Ben Zakai, que me faz conhecer através das profundas reflexões sobre as palavras dos Segredos. Escorpião, Escorpião...”.
Cantou Dan a finalizar as kavan´Ot, no 744º dia do ano de Antares quando ativou a pedra da contração, dentro do templo eregido no Platô de Antares, sob cheia de Dor Akrav –A Terceira Lua.
Akrav na Língua de T3B
[1] Terceiro planeta de Dschuba Scorpio.
[2] Delta Scorpius.
[3] Juíza
[4] A Constelação de Scorpio.
[5] Sacrificios
[6] Acrônimo de “Ovedim Kochavim u´Mazalot – Adoradores de estrelas e signos zodiacais”.
[7] Sábio
[8] Ayin (i), Quf (q), Rêsh (r), Beith (b)
[9] Luz Circundante
[10] Literalmente “Colunas Circulares”.
[11] Razão em gematria na língua de Éber para איש החידות – O Homem do Enigma.
[12] Conhecida também nas Crônicas de Ak´rav como “Chave da Vida”.
[13] Passagem Milagrosa. Feita com a Pedra do Milagre de Pála, a terceira lua de Aur.
[14] O termo Hirhurim tem a mesma raiz da palavra “Har” que significa “Montanha”. Este processo de meditação alude a uma “mística subida” que o “caminhante” faz ao escalar uma montanha. A frase “Ha-Hirhurim Al Ha-Milim Ha-Sodot” é traduzida como “Reflexões sobre as Palavras dos Segredos”.
[15] Entidades vivas que se manifestam na forma de “partículas de taqions super carregadas” em um ziguezague constante pela estrutura Sefirótica.